“B R I T A D E I R A S
A britadeira da mina,
que também foi heroína
nas minas da minha terra;
nunca a louvaram num fado,
apesar do seu passado,
ser nobre em tudo o que encerra
Mas eu filho de uma delas,
que sofri as sequelas,
de maus tratos que lhe deram;
quero que fique lembrado,
o horroroso passado
que todas elas viveram.
Recordo a «Micas Estrela»,
a Luciana «Bustela»,
as «Tabujas» e as «Fandangas»,
a «Serôdia», a «Pacochinha»,
operárias de Ferreirinha,
de Sobrado e de outras bandas.
Vergadas sobre o minério
construíram um império,
onde imperava a injustiça.
Tantas a morte levou,
que avivar o que passou,
também é fazer justiça.
Por isso aqui ‘stou lembrando,
quantas passam no bando,
vestidas da cor do breu.
E, fazendo-o, evoco apenas,
todo um rosário de penas,
que cada uma sofreu!
Era a Olívia «Borralheira»,
a Rosaria «Fragateira»,
«Quina Côta», «Cartolinha».
Eram vozes das mais belas,
em corações tagarelas,
que se recordam ainda!
Minha mãe foi britadeira,
trabalhou a vida inteira,
e tão má paga ela teve.
Aos dois filhos que criou,
outros rumos lhe traçou,
sabendo triste o que teve.
Enfim! Julgo ter citado,
esse vulto ignorado,
nas ruas da freguesia.
Para que, quem manda, ordene,
que em citação perene,
se faça justiça um dia.
Serafim Gesta (Mazola)”
S. Pedro da Cova – BRITADEIRAS, Março de 1982, Edição do Autor
As minas de S. Pedro da Cova encerraram em Março de 1970
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