domingo, 29 de outubro de 2006

CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL


Faz hoje, 29 de Outubro de 2006, 70 (setenta) anos que foi aberto o Campo de Concentração do Tarrafal.
"-1936-
OUTUBRO, 29 - Chegaram neste dia, pelas 7,15 da manhã à pequena baía do Tarrafal - Ilha de S. Tiago do arquipélago cabo-verdiano - 152 presos políticos, 79 dos quais vindos da Fortaleza de S. João Baptista e 73 outros das prisões do continente. O desembarque realizou-se às 14 horas(...)"

"Apontamentos das datas e dos sucessos que nelas ocorreram

Este cadernito há-de servir de repositório aos sucessos de maior monta e interesse que tiveram lugar-e continuam tendo!, infelizmente-na deportação em que vivemos mais de cento e meio de presos políticos.(...)

Quisera o autor que ele fosse uma espécie de «crónica» bem informada e prolixa, onde houvesse registados não só os acontecimentos de bom e mau sabor, como assim o reflexo que eles experimentaram na moral da pessoa que os informa. Tal não sucede infelizmente, posto que o castigo contínuo que padecemos vai até ao ponto de sermos privados dos meios de escrever, (...) resta-nos ratear e fazer severa poupaça daqueles pedaços de papel (...) como se tratasse de gemas maravilhosas (...) O papel (...)É pouco.

Ora, os escritos(...),reduzidos a simples equações de palavras,(...).

O «Amanhã» pertence-nos! Eis uma realidade que será, não sabemos se nossa também, pois as nossas vidas andam, dia a dia, em difíceis equilíbrios para não se estatelarem nas profundidades do nada!

Como podemos, pois, protair a feitura daquilo que nem sabemos, sequer, se aqui é «hoje», nos será dado levar a efeito? E, depois: onde está a memória capaz de arrecadar os sucessos - já não direi a minúcia deles - ocorridos durante anos de vida destes quase duzentos homens e quase grilhetas ?

Faremos o que soubermos e pudermos enquanto nos não minguarem os meios e a chama da vida nos alimentar o corpo e o espírito.

E como esta narração é de todos - dos que viveram o que nela vai escrito e dos que a desejam conhecer -. ela aí fica para os seus continuadores se, (...) a vida se me finar na carreira e me estiver reservada a desdita de passar «testemunho» a quem me substituir.

Aos trezes dias do mês de Agosto do ano de mil novecentos e trita e oito."

Aqui fica a minha homenagem aos HOMENS que com a própria vida uns e outros com a sua saúde e anos de vida, lutaram pela Liberdade, pela Paz, pela Justiça, pela Democracia. Aos HOMENS que com coragem, determinação e espríto de sacrfício lutaram para que Portugal fosse um país Livre.

Para que a memória não esqueça!
Fascismo Nunca mais! Campos de Concentração Nunca mais!

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