Era triste o cansaço que trazias
Quando assomaste à porta.
Vi-te entrar com uma gota de suor na testa
E vi nela o brilho do teu trabalho.
Sei que te pesam os braços,
Mas não a consciência!
Contas as boas-novas do trigo em crescimento,
Do centeio feito pão.
Chegas com o cheiro das cabras,
O leite colado ao teu corpo
E o olhar perdido
No choro dos chocalhos.
Adivinho nos teus pés,
Inchados de mosto,
Quando me estendes a mão
E nela se cola de imediato a minha,
Onde cabem os cachos maduros
Que embalaste para o cesto que te curva as costas
Mas que não te deixa vergar à vida, nem ao tempo.
És tudo em toda a parte,
Homem dos sonhos e dos desabafos.
Recordo agora o pão na mesa, o teu sorriso,
O queijo e o vinho que ofereces num abraço,
Dando-te assim ao outro,
Teu irmão de trabalho e de brincadeira.
E logo torna aos teus olhos
A alegria de menino
Feito Homem.
Ricardo Santos
A fotografia da cabra foi retirada do sítio: http://www.chez.com/matias/test.htm
2 comentários:
Gostei do "assomaste" hehe
Também se diz assim em Casegas?
Mas, só gostate dessa palavra? E o conjunto onde está inserida?
Tu de vez enquando pregas-me com cada desgosto.
Parabéns para Casegas, fartam-se de trabalhar. Assim é que é.
Parabéns!
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